A aliança inquebrável

 

            Alguma vez se perguntou porque é que após 2000 anos a Nova Aliança ainda é nova? Todas as outras alianças que Deus fez com os seres humanos rapidamente se tornaram velhas; porque é que isto não aconteceu com a Nova? Porquê após todos estes anos a Nova Aliança continua a ser boa notícia para toda a humanidade – e sempre será boa notícia?

            Quando damos uma vista de olhos na Bíblia, vemos repetidas vezes que Deus entrou em alianças com o homem, das quais nenhuma sobreviveu muito tempo. Foi pedido a Adão e Eva que vigiassem o Jardim do Éden, e que evitassem comer de determinada árvore; o acordo não durou. A quebra desse acordo permitiu que o pecado entrasse na experiência humana.

            Existem muitas alianças registadas no Velho Testamento. Entra as mais conhecidas estão as alianças com Noé, Abraão, Moisés e David. Cada uma tinha condições particulares que ambos homem e Deus aceitaram, e esperava-se que cada um cumprisse a sua parte.

            Em quase todos os casos o homem falhou em honrar os seus compromissos. Não muito depois as coisas correriam mal e o acordo seria quebrado. Mas Deus foi paciente ao longo disto tudo e decidiu-se em providenciar algo que fosse diferente – uma aliança que o homem não pudesse quebrar (Jeremias 31:31-33).

            Introduziu primeiramente o conceito quando fez a aliança com Abraão, e exigiu a circuncisão. O que é interessante nesta particular aliança é que: uma vez entrado nela o homem não poderia falhar em manter a sua parte. Uma vez feita a circuncisão, não poderia ser desfeita.

            Infelizmente a carne não dura eternamente e quando a carne pereceu a aliança terminou.

            Do mesmo modo a circuncisão do coração, que ocorre na Nova Aliança, não pode ser desfeita – porque não é feita com carne mas com Espírito.

            O próprio conceito de aliança no Novo Testamento é inteiramente diferente. A palavra Grega para designar aliança é diatheke. Esta significa uma vontade ou testamento. O Novo Testamento refere-se às primeira e segunda alianças, contudo havia pelo menos oito grandes alianças realizadas com o povo de Deus no Velho Testamento. Pode encontrar muitas mais se tiver o cuidado de ver. Há uma explicação simples para isto: As velhas alianças tinham uma coisa em comum que a Nova não tem: Podiam todas ser quebradas, e foram todas quebradas. A Nova Aliança é inquebrável, e é por isso que será sempre boa notícia para a humanidade.

Qual é a diferença?

A Nova Aliança não foi feita com o sangue das cabras e touros mas com o próprio sangue de Jesus Cristo, o sacrifício perfeito (Hebreus 10:9-14). Este é um acordo totalmente liquidado; os prémios estão lá todos. Nada lhe pode ser acrescentado e nada lhe pode ser retirado.

Um trabalho terminado perfeito.

Se a Nova Aliança pudesse ser quebrada seria igual às outras todas e rapidamente seria chamada “velha”, e seria vista como algo que não funcionava. A Nova Aliança é um acordo melhor porque não se baseia no desempenho; baseia-se no sacrifício de Jesus. As condições de aceitação são diferentes, melhores e viáveis.

            Aqui reside o principal ponto da diferença: homem e Deus não se encontram em termos iguais. De todas as vezes que se tentou isso, o homem falhou miseravelmente.     Através da Sua própria escolha e pela Sua graça divina Deus deu livremente a oportunidade ao homem de entrar numa relação perfeita com Ele através do sacrifício do Seu Filho Jesus Cristo.

            O homem não pode alterar, mudar ou anular as condições; ele só pode aceitar ou rejeitar a oferta. A aceitação significa que ele é parte de uma aliança inquebrável, que é uma obra completa. A aliança foi estabelecida entre Deus e Cristo a favor da humanidade. Porque a obra de Cristo é totalmente aceitável para Deus para todo o tempo, quem quer que aceite o sangue de Cristo como substituto do seu próprio sangue é parte dessa aliança inquebrável para sempre.

            João coloca isso deste modo: “Sabemos que aqueles nascidos de Deus não pecam” (1 João 5:18). O que quereria dizer o Apóstolo?

            Simplesmente isto, que os pecados cometidos sob a Velha Aliança teriam que ser pagos pela morte. Não existe pena de morte sob a Nova para o indivíduo; já foi totalmente paga pelo sacrifício de Cristo. Quando João nos diz que aqueles nascidos de Deus não podem pecar diz uma profunda verdade. Não se pode cometer pecado sob a Nova Aliança. A Nova Aliança não se baseia na lei, baseia-se no amor. Não há maldição no amor (1 Coríntios 13:10; Romanos 3-8).

            O único pecado que uma pessoa pode cometer é sob a lei, a Velha Aliança, e o Livro dos Hebreus explica em grande detalhe como pode uma pessoa ser redimida pelas transgressões sob a primeira aliança pela morte de Cristo. (Hebreus 9:15).

            É por isso que Ele é o mediador da Nova Aliança entre Deus e pessoas, para que todos os que são convidados possam receber a herança eterna que Deus lhes prometeu. Porque Cristo morreu para libertá-los da pena dos pecados que tinham cometido sob a primeira aliança (Hebreus 9:15).

            Aqueles que não aceitam que Cristo pagou a sua dívida do pecado totalmente esperar-se-á que a paguem eles próprios; essa pena é a morte. A diferença entre as duas é a diferença entre lei e amor. Há uma maldição na lei; não há maldição no amor.

            Talvez seja difícil aceitar que Deus tenha feito algo por nós que nós não faríamos por nós mesmos. O Velho Testamento diz-nos, através da experiência de alianças, se Deus não o fez totalmente e completamente em nosso favor, nós como seres humanos não podemos fazê-lo.

            A lei e os profetas existiram até João (Mateus 11:13; Lucas 16:16). Então a Nova Aliança completou-se no Calvário. Permanecerá nova e nunca se tornará velha porque não pode ser quebrada.

            Nunca precisará ser substituída porque é perfeita. É um trabalho perfeito realizado em nosso favor pelo Próprio Deus, através de Cristo.

            “Esta é obra de Deus para que possas acreditar nele que ele enviou” (João 6:29). A verdadeira liberdade em Cristo é possível se conseguirmos agarrar o conceito de que nós não podemos quebrar a Nova Aliança. Só podemos quebrar a velha, que se baseia na lei (1 João 3:4).

            O verdadeiro crente é livre dessa maldição porque os pecados cometidos sob a velha estão já perdoados sob a nova – mesmo antes de serem cometidos!

            Isso será sempre boa notícia. E sempre será nova. Nunca se tornará, como aquelas antes dela, velha e frágil.

            Esta aliança inclui salvação, absolvição, santificação e poder para derrotar o pecado. (2 Pedro 1:3-4; João 1:13). Aqueles nascidos (nascidos de novo) sob a Nova Aliança, como novas criaturas, têm a natureza divina, Cristo nelas, a esperança da glória (Colossos 1:27). Como Paulo nos diz isto é o Evangelho de Jesus Cristo (versículo 23).

 

George M. Davidson, pastor da congregação de Edimburgo